sexta-feira, maio 02, 2008

As coisas que levaram de mim...


As coisas que levaram de mim durante todos esse anos são estranhamente significativas, pois me fazem falta, e já não posso mais voltar atrás.

Tenho percebido constantemente o quanto levaram de mim, e olha que tenho apenas 21 anos. Pego-me com medo, pensando se no futuro ainda terei algo que me possa ser tirado, espero esperançosa que sim. Pois assim será concreto que não só perdi, mas também adqüiri coisas de valor que que o tempo se encarregará de me tirar.

Levaram minha inocência de criança, minha ingenuidade, meu jeito de ver a vida com graça. O meu mundinho de faz de conta no qual as histórias tinham o final que eu escolhia e desejava. Os meus amigos imaginárias também me foram tirados, foram tantas conversas infantis, tantas brincadeiras, numa infância quase solitária de caçula, nenhuma falsidade, traição, perda.

Aliás, que feliz era o tempo em que não conhecia o significado da palavra falsidade.

Levaram de mim minhas ídeias, minha dedicação pelas artes, minhas notas boas de matemática,minhas poesias.Chega a ser até frustrante tentar copiar um desenho e ver sair tudo torto, sentar diante de uma eqüação e ter que pensar muito para responder, quando você tinha a facilidade de resolver todos aqueles números e fórmulas,tentar rimar versos, rimas,sentimentos e não passar de frases desconexas. Meu Deus, pra onde levaram minhas habilidades?

Levaram meu brinquedos, tantos deles, que marcaram cada pedacinho de uma história, me lembro dos que ganhei em dias dificeis de dor (sim, pequenos também sentem dor, e como sentem!), os que me consolaram em exames médicos, os que enxugaram minhas lágrimas em longos abraços jogados na cama, nas crises de adolecência.

Levaram minha alegria sem motivo, quando percebi que o mundo não era cor de rosa para a maioria, mas sim cinza, e essa divisão de cores é tão desigual, que chega a ser inacreditável.

Levaram de mim a crença de que o AMOR movia o mundo, percebi que o que move o mundo, é o DINHEIRO. Levaram também a falta de percepção da mediocridade.

Levaram de mim a ignorancia dos erros, hoje a consciência das atitudes, das ações, das omissões, pesam sobre meus ombros, como fardos eternos.

Levaram de mim a essência da sinceridade, desde que conheci a mentira, a dor causada por ela, ou mesmo a necessidade, me tornei mais dura.

Levaram pedaços do meu coração, partes de mim, mãos que eu segurava, pessoas que eu me apoiava, tudo que não vai se recompor, não vai se substituir.

Levaram minhas palavras da boca, dos dedos, mais essas graças dou, que do coraçao não conseguiram me arrancar. E aqui estão transparecendo o que sinto.

Levaram parcialmente minha esperança, quando acordei e vi que não posso mudar o mundo sozinha. Que é dificil convencer as pessoas a fazerem sua parte, e que o amor e Deus mudam tudo.

Mas ainda resta aqui, bem dentro, no fundo da alma, uma ponta de esperança que não me deixa desistir, não me deixa parar. Que me motiva, me faz olhar pra frente e acreditar. Acreditar em Deus, em mim, na vida e no amor.

Algumas coisas não permito que me levem, por mais que tentem, me agarro firmemente com unhas e dentes, e sobrevivo com elas junto a mim. São coisas essas essênciais pro meu ser, são meus sonhos, minhas metas e objetivos,minha vontade de viver, minha garra e MINHA FÉ.
Sobrevivo sem tudo isso que me levaram, não que seja mais facil ou dificil, simplesmente é mais pesaroso. A maturidade tem muitas coisas boas, mas é inegável que sua falta deixa a existência muito mais leve e divertida.

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